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Criança confiante, criança feliz!


Por Karin Dunker, nutricionista

Participei recentemente de um evento internacional sobre transtornos alimentares e gostaria de compartilhar aqui um tema apresentado. Discutia-se a influência que os pais podem ter na formação das atitudes em relação ao tamanho corporal e a imagem corporal de seus filhos, muito antes mesmo do que pensamos.

O assunto chamou a atenção, pois muitas vezes podemos passar mensagens despercebidas para nossos filhos quando demonstramos insatisfação com nossos próprios corpos, ou mesmo expressamos discriminação por corpos diferentes dos modelos atuais de beleza.

É consenso na literatura que as atitudes em relação ao tamanho corporal e a imagem corporal são formadas na primeira infância (2 a 5 anos), e que muitas crianças desta idade já associam características negativas às pessoas obesas e positivas aos magros (Damiano et al, 2015). Os pais e familiares têm um papel formativo no desenvolvimento da imagem corporal, uma vez que são eles que têm o papel de controlar o acesso à mídia, servem de exemplo quanto às suas atitudes (ex: avaliação que fazem de si mesmos e dos outros), comportamentos (ex: prática de exercícios, hábito de fazer dietas), e os comentários e críticas que fazem em relação à aparência (Hart el al, 2015).

A partir de estudos sobre o assunto (ver referências abaixo), o grupo de estudiosos da Austrália desenvolveu e criou um programa voltado para pais de crianças na faixa etária de 2 a 6 anos que se chama ?Confident Body Confident Child“. O programa coloca algumas dicas valiosas que nos ajudam a refletir sobre nossas próprias posturas perante nossos filhos. Gaste um tempo para ler e ajude seus filhos a serem felizes!

Promovendo uma imagem positiva e uma alimentação saudável na sua família

Você deve:

Demonstrar aceitação das diferentes formas corporais.

Falar da importância de se ter um corpo ativo e saudável e não o magro e musculoso.

Aceitar seu filho do jeito que ele é, independente do seu peso, tamanho ou forma corporal.

Elogiar seu filho em áreas não relacionadas à sua aparência.

Ensinar seu filho que a comparação da sua aparência com os outros pode fazer eles se sentirem mal consigo mesmos.

Ensinar seu filho formas de lidar com os comentários negativos feitos pelos outros.

Falar com seu filho como a mídia promove padrões de beleza irreais sobre peso e aparência.

Ser um exemplo tomando o café da manhã todos os dias, encorajando seu filho a fazer o mesmo.

Fazer refeições em família regularmente.

Tornar o momento das refeições um momento prazeroso e relaxante.

Procurar por ajuda profissional se você detectar algum problema com seu filho em relação a peso, imagem corporal e alimentação.

Você não deve:

Criticar a sua aparência ou a dos outros.

Criticar ou zombar com a aparência do seu filho.

Permitir que outras pessoas zombem da aparência do seu filho.

Fazer dieta.

Pular refeições.

Encorajar seu filho a fazer dieta.

Sugerir que as pessoas vão gostar mais dele se ele tiver mais músculos, perder peso ou comer menos.

Permitir que seu filho tenha livre acesso à mídia que enfatiza padrões de beleza de magreza.

Deixar a TV ligada durante as refeições.

Usar a comida como recompensa ou punição por bom ou mau comportamento.

Usar a comida para acalmar seu filho.

Classificar alimentos como ?bons? e ?maus?.

Sugerir que os exercícios podem ser utilizados para perder peso ou ficar musculoso.

Referências sobre o assunto:

Damiano SR, Gregg KJ, Spiel EC, McLean SA, Wertheim EH, Paxton SA.  Relationships between body size attitudes and body image of 4-year-old boys and girls, and attitudes of their fathers and mothers. Journal of Eating Disorders. 2015, 3:16.

Hart LM, Cornell C, Damiano SR, Paxton SJ. Parents and prevention: a systematic review of interventions envolving parents that aim to prevent body dissatisfaction or eating disorders. Int J Eat Disord. 2015, 48:157-69.

 

Hart LM, Damiano SR, Chittleborough P, Paxton SJ, Jorm AF. Parenting to prevent body dissatisfaction and unhealthy eating patterns in preschool children: A Delphi consensus study. Body Image. 2014, 11:418?425.



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