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Alimentação fora de casa: o que isso tem a ver com a nossa saúde?


Por Maria Luiza Petty, nutricionista

Estudos recentes revelam que importante parcela da população brasileira está cada vez mais e alimentando fora de casa. Dados da pesquisa ?Os brasileiros e as refeições? mostram que este é um hábito frequente para 65,3% do total de uma amostra de 18 mil pessoas, consultadas pelo Instituto Data Popular em 251 cidades brasileiras no ano passado. Os resultados das últimas Pesquisas de Orçamento Familiar (POF 2002-2003 e 2008/2009) também apontam para este sentido. Na região sudeste do país, por exemplo, observou-se que os gastos com alimentação fora do domicílio subiram de 26,9% para 37,2%, no período entre as pesquisas.

Em um inquérito nutricional realizado em São Paulo, foi constatado que o hábito, ou melhor, eu diria, a necessidade de se alimentar em restaurantes esteve associada com excesso de peso dos participantes. Além disso, almoçar fora de casa esteve negativamente associado à qualidade da dieta, ou seja, quanto maior a frequência de almoços fora de casa, pior a alimentação dos indivíduos.

O aumento do consumo das refeições fora de casa é um reflexo direto da ampliação e da participação das mulheres no mercado de trabalho, do aumento do tempo das jornadas laborais e das grandes distâncias e falta de mobilidade urbana nas principais capitais do país.

Comer mais em restaurantes e o aumento do consumo de alimentos industrializados em casa (apontado nas últimas POFs) são reflexos da falta de tempo real que vivemos. Como resultado disso, o que também escutamos com frequência de nossos pacientes, amigos e de nós mesmos é que não temos tempo ou estamos cansados demais para cozinhar. O que observamos é que cozinhar não é familiar às pessoas. Os filhos não aprendem mais com as mães, muita gente não sabe cozinhar. Além disso, as opções semi-prontas são muito mais atrativas. Cozinhar gasta tempo demais para as pessoas que vivem em uma sociedade que busca conforto, praticidade e instantaneidade.

Fatores sociais como esse parecem estar diretamente ligados ao nosso consumo alimentar e, por consequência, à nossa saúde. Ao invés de discutir o efeito deste ou daquele alimento sobre a saúde humana, profissionais da saúde e entidades públicas deviam concentrar seus esforços para pensar e propor soluções radicais que possibilitem que as pessoas tenham mais tempo livre para, entre outras coisas, poderem cozinhar e comer a comida feita em casa. Além disso, pensando em medidas de curto prazo, é de extrema importância criar medidas que favoreçam a melhoria das opções alimentares servidas nos comércios de alimentação.

Para saber mais:

Alimentação fora de casa e sua relação com a qualidade da dieta de moradores do município de São Paulo: Estudo ISA – Capital. Bartira Mendes Gorgulho. [Dissertação de Mestrado apresentada à FSP – USP]. 2012. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-17012013-093612/pt-br.php



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