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Educação Física Escolar e os transtornos alimentares: há alguma relação?


Por Paula Costa Teixeira, profissional de educação física

Quem acompanha os nossos posts já deve ter compreendido a forte associação que existe entre os transtornos alimentares e a satisfação com o corpo. Há pesquisas mostrando que pessoas insatisfeitas com seu corpo tendem a alimentar-se de maneira inadequada, ora com exageros, ora com restrições alimentares.

Infelizmente, esta insatisfação tem aparecido cada vez mais cedo. Crianças que deveriam estar preocupadas em brincar já demonstram desejos de emagrecer ou insatisfação com alguma parte do corpo. A autoestima também influencia diretamente a relação que o indivíduo estabelece consigo mesmo e com o outro.

A prevenção tem sido a forma mais efetiva de combater a evolução de quadros ?desordenados? de alimentação para um transtorno propriamente dito. Prevenir é muito mais fácil, econômico e simples do que tratar. Vale ressaltar que um transtorno alimentar leva anos para ser curado, principalmente se não for diagnosticado na infância ou adolescência.

Um dos ambientes com grande potencial para discutir os assuntos, corpo e suas diferenças, cultura, padrões de beleza, satisfação, alimentação e atividade física é a escola. As aulas de Educação Física (EF) então… São um ?prato cheio?. Nós da Educação Física temos obrigação de proporcionar aulas que promovam a reflexão sobre o corpo. Infelizmente, os profissionais da escola ainda subutilizam esse espaço e o reduzem simplesmente a jogos esportivos, por vezes até repetindo a mesma brincadeira ou jogo.

Desde a década de 90, os profissionais de EF escolar contam com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que são diretrizes orientando a elaboração das aulas do Ensino Fundamental I e II (1º ao 9º ano, antigos primário e ginásio). Dentre os objetivos deste documento, destaco dois que abrangem assuntos pertinentes a nossa temática: ?conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva? e ?conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais?.

Os PCNs também descrevem os conteúdos pertinentes às aulas de EF: jogos, esportes, lutas ginásticas, atividades rítmicas, conhecimento sobre o corpo. Além disso, quem é da área escolar também sabe da existência dos temas transversais, que atuam em torno das disciplinas da educação básica, permitindo que mais assuntos contextualizem as aulas: ética, saúde, pluralidade cultural, meio ambiente, orientação sexual, trabalho e consumo.

Como podemos observar, muitos assuntos podem ser discutidos na escola em todas as disciplinas. As aulas de EF podem contribuir muitíssimo como mais um espaço para a discussão dos padrões de beleza, trazendo para quadra (ou para a sala de aula, porque não?) as diferenças entre os corpos, o preconceito, a convivência e o respeito mutuo, a importância de não julgar e não escolher as amizades pela aparência, atributos físicos e habilidades. Além disso, simples mudanças na postura do professor podem ser extremamente benéficas para ajudar o aluno a aumentar sua autoestima. Mas este é assunto para um próximo post… Por ora, vale esta reflexão inicial. Até breve!



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