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Fake news


Por Manuela Capezzuto, nutricionista


Se você é um leitor assíduo do blog do Genta – por favor, seja! -, já deve ter percebido que alguns temas são recorrentemente debatidos por aqui. Temas que, de alguma maneira, circulam nossas vidas como profissionais de saúde, estudiosos da comida e da sociedade. Assim, nada mais atual do que falar de fake news no contexto da saúde, que vem ao encontro do último texto excelente publicado por aqui.

Uma onda de busca pela verdade tem ganhado força no jornalismo brasileiro e internacional, frente a uma série de eventos turbulentos no cenário político. Com o boom de ferramentas que possibilitam a interação social, as famosas mídias sociais, viabilizaram o compartilhamento e a criação colaborativa de informação em seus mais diversos formatos. Por baixarem a praticamente zero o custo de publicação e distribuição, aliado à facilidade e rapidez, essas plataformas tiveram um aumento exponencial, até porque qualquer pessoa pode criar e disseminar conteúdos.

As mídias de comunicação, por muito tempo, se diziam “plataformas de tecnologia e não editoras ou empresas de mídia”. De fato, são o que são e tais palavras lhes cabiam bem para se eximir de qualquer responsabilidade. Contudo, me parece que foram percebendo que algumas falácias virtuais poderiam ser extremamente iatrogênicas para o mundo real.

Segundo uma matéria divulgada no início do ano na BBC Brasil, a primeira onda de fake news foi identificada em 2016 que pareciam sair de uma pequena cidade da Macedônia. Um grupo de amigos, inebriados pelo dinheiro fácil proveniente das propagandas online, passou a criar manchetes sensacionalistas que corriam soltas pelos feeds de milhares de seguidores. Evidentemente tudo vira mercadoria.

Com a “saúde” e a estética, o comportamento é exatamente igual ao grupo de amigos do leste europeu. A rentabilidade de vender bumbuns, barrigas, coxas, braços e panturrilhas dos sonhos obviamente supera a de propagar saúde de verdade. Da nutrição quântica (mentalize seus objetivos que você os alcança) a colocação de próteses em casa, as pessoas se mostram tão perdidas quanto as próprias propostas exemplificadas acima.

No fim das contas, isso é um apelo. Um desejo de que plataformas da magnitude do Facebook e Instagram criem um algoritmo capaz de identificar chamadas falsas e tendenciosas no mundo da saúde, uma vez que está difícil mesmo discernir se é fact or fake. Meio utópico talvez?

A França deu um passo nessa direção ao aprovar uma lei que obriga o uso de uma tarja informativa nas imagens retocadas na publicidade. O dizer “photographie retouchée” deve estar presente, caso corpos de modelos forem manipulados. Em um mundo em que todos podem criar e disseminar, o selo de autenticidade se faz necessário, assim como uma bela limpeza nas redes.

Água morna em pedra dura tanto bate até que fura: seja crítico sempre, inclusive em relação à posicionamentos de profissionais. Duvide, inclusive do que você está lendo nesse texto, lembre-se de que isso também pode ser fake news!

Referência:

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-42779796.



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