Por Ana Carolina Pereira Costa, nutricionista
Quando tratamos pacientes com transtornos alimentares (TA), não é incomum percebermos questões familiares que podem ter contribuído com o surgimento e/ou com a manutenção da doença. Por isso, me chamou atenção uma recente revisão sistemática, publicada no Journal of Eating Disorders, que avaliou um total de 25 estudos com o objetivo de identificar fatores familiares potencialmente protetores contra o surgimento dos TA. Dentro destes fatores, dois se destacaram: a prática de refeições em família e a evitação de comentários sobre peso.
Lembrei-me de minha infância. Apesar de trabalharem um pouco distante de casa, meus pais sempre se esforçaram para pegar eu e minha irmã na escola e almoçar conosco. Lembro que as refeições eram momentos importantes e agradáveis de convívio e desabafo. Naqueles momentos eu me sentia segura e amada. E como sempre foi servido de tudo à mesa, aprendi naturalmente, pelo exemplo, o valor da moderação, do equilíbrio e da permissão alimentar. Em relação a comentários sobre corpo e peso, isso nunca foi um tópico em minha casa. Nem mesmo um pouco antes de eu ficar menstruada, quando comecei a ?ganhar corpo? e fiquei meio rechonchuda. Não havia razão para me sentir desconfortável com meu corpo, até porque eles próprios nunca manifestaram abertamente um desconforto com seus próprios corpos.