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Nota sobre dietas: dietas não funcionam


Por Ester Soares, nutricionista

Recebi este texto em comemoração ao 08 de março e resolvi usá-lo como inspiração para o post:

Chapéu Violeta (Mário Quintana)

Aos 3 anos: Ela olha para si mesma e vê uma rainha.

Aos 8 anos: Ela olha para si e vê uma Cinderela.

Aos 15 anos: Ela olha-se e vê uma freira horrorosa.

Aos 20 anos: Ela olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, cabelo muito liso, muito encaracolado. Decide sair, mas sai sofrendo.

Aos 30 anos: Ela olha para si mesma e vê-se muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, cabelo muito liso muito encaracolado, mas decide que agora não tem tempo para consertar .
Então, vai sair assim mesmo.

Aos 40 anos: Ela se olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, cabelo muito liso, muito encaracolado, mas diz: pelo menos eu sou uma boa pessoa e sai mesmo assim.

Aos 50 anos: Ela olha para si mesma e se vê como é. Sai e vai para onde ela bem entender.

Aos 60 anos: Ela se olha no espelho e lembra-se de todas as pessoas que não podem mais se olhar no espelho. Sai de casa e conquista o mundo.

Aos 70 anos: Ela olha para si e vê sabedoria, risos, habilidades. Sai para o mundo e aproveita a vida.

Aos 80 anos: Ela não se incomoda mais em se olhar. Põe simplesmente um chapéu violeta e vai se divertir com o mundo.

Talvez devêssemos colocar aquele chapéu violeta mais cedo!

Pensei em quanto tempo as pessoas levam de suas vidas preocupadas e neurotizadas com dietas e com o corpo que não as satisfaz, sem levar em contas os danos que tais esforços podem trazer. Definindo dieta, segundo o dicionário: ?regime especial de alimentação que restringe a ingestão de certos alimentos e/ou reduz a sua quantidade?. Exemplificando:

Restringir: ?nunca mais vou comer doce?; ?só vou comer doce no fim de semana?.

Reduzir: “dizem que é bom sair da mesa com fome, então vou comer bem menos do que estou acostumada?.

Com estas definições, voltamos ao pressuposto  de que devemos ter ?força de vontade?, que não podemos ceder às vontades de nosso corpo. Com isso, passamos a pensar que não devemos confiar nas nossas escolhas alimentares! Esta, talvez, é umas das grandes armadilhas das dietas: diminuir a confiança que temos em nós mesmos diante da comida.

E tem mais: dietas diminuem a autoestima, aumentam os sentimentos de derrota e aumentam a ansiedade. Trazem pensamentos obsessivos com o peso e com a comida. Fazer dieta aumenta o risco de transtornos alimentares.

Mas, se dietas não funcionam, o que funciona?

A proposta do GENTA,  com o movimento da Nutrição Comportamental, é focar em verdadeiras mudanças comportamentais, com estratégias fundamentadas cientificamente, que trabalhem o bem estar biopsicossocial, auxiliando a atender os sinais de fome e saciedade.

Estas novas propostas não são ?complacentes? com a obesidade, porém, reconhecem que o foco na perda de peso é contraproducente e pode ser até mesmo danoso.

Leia também:

Mario Quintana. Chapéu Violeta.

Alvarenga, M et al. In: Dietas e seus efeitos no comportamento alimentar. Nutrição comportamental. Manole, 2015. p.69-100.

Alvarenga M, Scagliusi FB , Philippi ST. Nutrição e transtornos alimentares: avaliação e tratamento. Manole.

Intuitive Eating. Evelyn Tribole e Elyse Resch. St.Martins Press, 2012.



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