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Pequenas reflexões de quarentena


Por Camila Lafetá Sesana

Estamos – ou deveríamos estar – há aproximadamente 100 dias dentro de casa, em razão da pandemia de COVID-19. Diante de uma doença sem tratamento ou vacina, escolas e universidades foram fechadas, parte do trabalho foi transferido para casa e outra simplesmente acabou. Para quem pode, muito delivery e saídas cuidadosamente planejadas ao mercado ao à farmácia. Para quem teve a renda atingida ou eliminada, a tensão adicional da sobrevivência ou a inevitabilidade da exposição ao vírus.

Há dois dias, o Brasil oficial, isto é, o das subnotificações pela baixíssima testagem, chegou à marca de 50 mil mortos. Este número trágico pode ser de 7 a 12 vezes maior, conforme a fonte consultada. Hoje, é raro encontrar alguém cuja família ou círculo social não tenha sido atingido. Todos já ouvimos relatos de intenso sofrimento e de morte. Todos sabemos o tamanho do perigo.

A quebra do isolamento tem inúmeras razões. Ficar em casa, sem contato humano, prazeres e liberdade é difícil. Viver com medo é difícil. Junte-se a isso o fato de que o Estado não tem um discurso único: enquanto governadores e prefeitos foram lidando como podiam, o governo federal adotou uma postura negacionista e politizante da pandemia. O resultado são as ruas cheias, praias lotadas e comércio abrindo, como se nada estivesse acontecendo.

O impulso de buscar a normalidade a todo custo é natural, mas me chama a atenção que um dos caminhos mais procurados, e de forma mais barulhenta, é o apelo pela volta dos salões de beleza, de manicures e de clínicas estéticas. Parece ser um fenômeno global. No Brasil, esses estabelecimentos estão na lista de prioridades comerciais em quase todas as cidades. Afinal, somos o país recordista em procedimentos estéticos e cirurgias plásticas. Nos EUA, manifestantes com cartazes dizendo “Make America Beautiful Again” (uma versão estética do slogan de campanha de Donald Trump) e “We Demand Haircuts” (exigimos cortar o cabelo) enfrentaram profissionais da saúde nas ruas de vários estados.

A aparência física comporta inúmeras nuances, tantas que não caberiam em um post. Mas não deixa de ser irônico que aqueles que mais agem como avestruzes estejam tão preocupados com os cabelos.

https://www.harpersbazaar.com/uk/beauty/a32471516/zoom-boosting-plastic-surgery-interest/



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