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Perca peso agora, mas pergunte-me como?


Por Marcela Kotait, nutricionista

Conversando com muitas pessoas que me procuram no consultório, uma questão vem me atormentando nesses anos de atendimento: por que somos tão crueis com nós mesmos? Deixe-me explicar melhor quando digo ?crueis?… Não é raro uma menina com seus 17, 18 anos me procurar com quadro de transtorno alimentar desencadeado por algum tipo de cobrança em relação à sua aparência. Sabemos, como varias vezes foi escrito aqui no blog, que os TAs não tem um único fator desencadeante, mas que a pressão social pelo belo é cada vez maior e influencia no modo de vivenciarmos nossos corpos. Isso é inegável.

Como nutricionista, muitas vezes me angustia a maneira de muitas pessoas verem minha profissão. Parece até que sou uma ?criadora de dietas mágicas?, uma ?guru da boa forma?. Não! Eu não sei uma receita para fazer ninguém emagrecer. Não indico suplementos mirabolantes ou sementes vindas da Conchinchina. O papel do nutricionista é melhorar a relação de todos com seus peso, corpo e alimentação. Aumentar neuras em relação à comida e reforçar padrões inatingíveis de beleza só colabora com a crueldade quase intrínseca.

Perda de peso é um processo natural, quando existe necessidade, e não deve ser atingida às custas de restrição e sofrimento, já vimos aqui que estudos mostram que essas dietas fazem com que a maioria das pessoas reganhe o peso perdido ou mais.

Estava vendo um vídeo recente da Dove, que procura debater o padrão de beleza feminino e valorizar todo tipo de corpo. Nesse vídeo, resumidamente, um artista retrata o rosto de pessoas pela sua própria visão e pela de um estranho. O resultado é assustador, ou melhor, cruel. Os retratos quando expostos lado a lado dão a sensação de pessoas completamente diferentes, a primeira sempre mais velha, cansada, triste. A segunda, descrita por estranhos, é jovem, bonita, feliz. Daí vemos desenhado o que me referi como crueldade.

A mensagem que quero deixar aqui não é a de desleixo quanto à nossa aparência, mas a necessidade de nos amarmos mais, independente do numero escrito em nossas roupas. É necessário exaltarmos nossos pontos positivos, termos conceitos de beleza mais amplos e reais, nos valorizando pelo que somos e não só pelo que parecemos. Nossa visão, muitas vezes, está distorcida e agrava o sentimento de inferioridade e baixa autoestima. Todo corpo é lindo, toda pessoa tem sua graça. Lembro de um slogan de uma “Se Dê Conta” passada: “Perca quilos de neuras agora, pergunte-me como!”



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