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Rotulagem pode influenciar comportamentos de risco para transtornos alimentares


Por Ana Carolina Pereira Costa, nutricionista do GENTA

Em dezembro do ano passado, circulou no portal Huffpost Brasil a notícia de que pesquisadores britânicos defendem que a rotulagem de produtos industrializados no país contenham a quantidade de exercício físico que o consumidor precisa fazer para gastar as calorias dos respectivos alimentos. Alguns pacientes me encaminharam a matéria e questionaram o que eu pensava sobre isso, e pretendo elaborar aqui a mesma explicação que dei a eles.

Eu sou absolutamente contra.

Primeiro pelo simples fato de que é impossível saber na prática o quanto cada pessoa gasta de energia (mensurada pelas calorias) quando está fazendo exercício. Cada corpo é um corpo, e cada metabolismo funciona de modo diferente. O gasto metabólico de cada pessoa depende do quão ativa ela é regularmente, do peso e composição corporal, do gênero e da idade, do número de dietas que ela já fez na vida… Enfim, são muitas variáveis, esse número de jeito nenhum poderia ser generalizado em nível populacional.

Além disso, a ideia de mostrar calorias dos alimentos versus exercício para “queimar” soa punitivo. É algo do tipo: “viu só? Melhor não comer, se não precisará fazer muito exercício”. Como se exercício fosse punição e compensação. Ora, nem mesmo no adestramento de animais se usa mais reforço negativo! Será que realmente precisamos apelar para esse tipo de estratégia?

Finalmente – e não menos importante –, esse tipo de associação entre comida e exercício necessário para “queimar” pode ser um fator precipitante para comportamentos de risco para transtorno alimentar. Como profissionais de saúde, queremos apenas induzir as pessoas a comerem menos calorias ou desejamos que elas aprendam a ter autonomia alimentar e saúde física e mental preservadas?

Acho que precisamos nos dedicar cada vez mais a essa reflexão.



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