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Salvem o pãozinho


Por Marcela Kotait, nutricionista

Esses dias assisti a um vídeo engraçado, em que algumas pessoas eram abordadas num parque e questionadas sobre sua dieta sem glúten (veja aqui). Mesmo sabendo que a seleção de respostas pode ter sido tendenciosa – o programa é daqueles ?talk show?em que sempre há espaço para piadinhas no início – ,nenhum dos entrevistados sabia responder o motivo da aderência à dieta, muito menos o que é glúten e qual sua função.

Resumidamente, o glúten é uma proteína encontrada no trigo, na aveia, na cevada, no malte, no centeio e em seus derivados, como pães, massas, bolachas, pizza, biscoitos, cerveja, uísque e em uma infinidade de outros alimentos. Algumas pessoas podem ser alérgicas, outras intolerantes a essa proteína. Em teoria, só essas pessoas deveriam adaptar sua alimentação, evitando assim o consumo do glúten, de preferência com auxilio de um nutricionista.

O que vemos hoje é uma disseminação em larga escala da dieta ?gluten-free?, ou ?sem glúten?. A demonização do glúten chegou. Celebridades, atrizes e blogueiras (leia mais sobre o terrorismo feito por elas aqui) encabeçaram como uma caça as bruxas, uma caça aos alimentos com glúten.

Como nutricionista, mais uma vez, gostaria de salientar a importância de uma dieta equilibrada. Você já deve ter lido em vários posts deste blog sobre a importância do comer consciente, de escutar seu corpo, honrar sua fome e respeitar sua saciedade. E frente a essas informações, me questiono se essas dietas e restrições ?famosas? não são na verdade as velhas e questionáveis maneiras de se restringir a maioria dos alimentos fonte de carboidratos.

Isso porque a grande maioria das pessoas que restringem o glúten acaba por abranger nessa restrição os alimentos fonte de carboidratos, mal interpretados como vilões da boa forma.

Quantas vezes será necessário desmistificar o consumo do carboidrato, ou do glúten, ou da lactose, ou das frutas, ou da proteína, ou das gorduras, ou dos shakes(Veja aquiaquiaqui e aqui)? Quantas pessoas vão perder peso às custas de um sofrimento inenarrável e depois recuperar? Quantas vezes será preciso gritarmos que dietas não funcionam? Quantas vezes será necessário dizermos que comemos comida e não nutrientes?

Por favor, salvem o pãozinho.



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