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Sucesso é sinônimo de fama?


Por Manuela Capezzuto, nutricionista convidada

Sempre achei curioso o fato das gerações ganharem nomes. A minha é a geração Z, nascida no início ou meados dos anos 90. Esse grupo demográfico tem suas particularidades e uma das mais gritantes é o fato de ter nascido e crescido no mundo digital. Por ter fácil acesso à internet, então, também foi  apelidado de Geração Pontocom, Generation Tech, Gen Z e IGen.

A internet se deslocou para o nosso bolso e os aplicativos sociais passaram de simples comunicadores para indicativos de status social e de carreira profissional. Quem assiste à televisão, já percebeu que os entrevistados não são mais apresentados por seu trajeto acadêmico ou profissional, mas sim pelo número de seguidores no Facebook, Instagram, Snapchat, Youtube e Twitter. Será que devo colocar esse número no currículo será a nova tendência?

Pois bem, essa geração vem se inserindo no mercado de trabalho também com outra particularidade: o imediatismo. É de se esperar, pois o Google é nosso grande mestre, trazendo toda e qualquer informação instantaneamente. Nenhuma dúvida perdura, basta um clique para se ter a resposta. E qual o impacto disso no processo de criação da carreira profissional?

Bom, na nutrição clínica o caminho natural converge com o dos demais cursos de saúde; com especializações, algumas horas de prática clínica e atualização, para começar a ter uma rede sólida de pacientes. Esse percurso parece bastante óbvio, mas a Geração Z não está exatamente confortável com ele. Se não conseguimos esperar um Uber por cinco minutos sem checar o celular algumas (várias) vezes, que dirá anos para sermos profissionais reconhecidos. A consequência dessa ansiedade exacerbada pode vir de várias maneiras. Engajar-se em diversos cursos e pós-graduações é uma delas, já que não é mais admissível ter um tempo para elaborar qual caminho exatamente você quer seguir. Mente vazia, oficina do diabo.

Outro risco é o de se aventurar no mundo dos modismos alimentares, afinal, um prato de espaguete de couve-flor com um toque de óleo de coco, chia e sal do himalaia rende muito mais likes do que um clássico pê-efe de arroz, feijão e bife. E olha que eu não me lembro de ter aprendido na faculdade que alimento da moda é mais saudável do que nossa tradicional comida brasileira. Pelo jeito atentar-se ao básico e simplificar também parecem ser dificuldades da Geração Z.

É evidente que o mosquito da ansiedade não picou somente os jovens, mas me parece bastante doloroso o começo do caminho já ser inundado por essa sensação.  Em que momento perdemos a capacidade de caminhar nem tão calmos e nem tão depressa?

Para finalizar, deixo como reflexão a pergunta proposta no título, que me foi colocada na cerimônia de colação de grau da minha turma de nutrição. O parâmetro pessoal é o único que pode ser usado para medir o sucesso, já que a comparação pode ser bastante traiçoeira. Respeite seu tempo e percurso. O mundo é belo porque é vário!

Referência:

LARANGEIRA, Álvaro Nunes; CARDOSO, Moisés; KUMM, Alexandre Artur. Interações temporais na era da convergência: perspectivas das Gerações Y e Z nas redes sociais digitais. Educação, Cultura e Comunicação, v. 7, n. 14, 2016.



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