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Um, dois: feijão com arroz!


Por Marluce Nóbrega, nutricionista

Arroz com feijão… Goiabada com queijo… Café com leite… Pão com manteiga …

E você, gosta de comer o que?

Não vou complicar e nem ?gourmetizar?, mas será que as nossas mães estavam tão erradas em nos oferecer com todo amor e carinho um prato de refeição completo com arroz, feijão, carne, salada e/ou vegetal refogado ou outro acompanhamento?

Esse prato, muitas vezes tornado vilão do controle do peso para muitos, nos lembra a nossa infância, o gostinho da avó ou da nossa mãe ou de outro alguém especial, é marca da nossa cultura, nos alimenta, nos nutre, nos aquece a alma, mata a nossa fome e nos enche de energia.

Um dos mais populares pratos da nossa culinária é o feijão com arroz. Mas cada cantinho do Brasil tem um tipo e um jeito de comer diferente, como o feijão-tropeiro, a feijoada, o feijão carioquinha, o acarajé (bolinho de feijão recheado com vatapá, camarão e vinagrete), o baião-de-dois, o tutu à mineira, a sopa de feijão com macarrão…

E a importância desse prato brasileiro não vem somente pelas lembranças, custo, sabor e hábito alimentar, mas por ser um prato rico em nutrientes.

O Ministério da Saúde tem o compromisso de contribuir para o desenvolvimento de estratégias para a promoção e a realização do direito humano à alimentação adequada e o reforça através do Guia Alimentar para a População Brasileira (última versão é a de 2014), que é um documento oficial que aborda os princípios e as recomendações para uma alimentação adequada e saudável para a nossa população.

A nova versão do guia nos orienta a optar por refeições caseiras e uma alimentação com base em alimentos frescos (frutas, carnes, legumes) e minimamente processados (arroz, feijão e frutas secas), além de minimizar a presença dos ultra processados (como macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote e refrigerantes). Destaque mais que especial para a valorização ao ato de comer e, antes deste, o envolvimento de amigos e familiares no preparo da comida. Basearmos nossa alimentação em alimentos frescos e naturais secos, como o arroz e feijão, também estimula a agricultura familiar e a economia.

Vamos aos dados nutricionais: começando pelo arroz, assim como em todos os cereais, é onde obtemos fontes importantes de carboidratos, vitaminas (em especial do complexo B), fibras e minerais. O arroz combinado ao feijão (ou outra leguminosa como ervilha, lentilha, grão de bico, soja, grão de bico) constitui também fonte de proteína de excelente qualidade. O feijão, e seus substitutos, são fontes de proteína, vitaminas do complexo B, fibras e minerais como cálcio, ferro e zinco. A quantidade de fibra também confere a esse alimento um alto poder de saciedade. Acrescentar vegetais e ervas ao preparo pode agregar um maior valor nutricional ao prato, além de sabor.

E foi o arroz com feijão um dos assuntos de uma consulta com uma paciente. Ela me contou que não estava comendo alguns alimentos, dentre eles a ?dupla? perfeita, o arroz e feijão. Em seguida me descreveu a sua alimentação em um dia com o arroz e feijão. Confuso? Muito! Ela vinha comendo com tanta culpa que não percebia, ou tentava ignorar, que estava comendo.

Como eu gostaria de descobrir de onde vem que alguns alimentos são vilões, nos engordam ou fazem mal a todos nós. Alguma dúvida que somos diferentes? Bom, temos sexo e idade diferentes, genética diferente, fisiologia diferente, vontades diferentes, fome diferente, rotinas diferentes… Respeitarmos a nossa individualidade quanto ao melhor funcionamento do nosso organismo, aliado a como comemos, quanto comemos e o que comemos com certeza fará com que nos sintamos melhores, sem neuras, sem angústias e fazendo as pazes com a nossa fonte de vida, a comida.

O arroz e feijão é apenas simbólico aqui. Espero que já seja a sua hora do almoço ou jantar e que eu tenha lhe causado um pouco de água na boca. Bom apetite!



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